terça-feira, 25 de setembro de 2012

CRÍTICA: ‘Lado a lado’ ainda em busca de naturalidade



“Lado a lado”, novela das 18h da Globo, constrói uma conexão entre o tempo em que a história é ambientada (o início do século passado) e os dias de hoje. Uma mostra disso são os playboys de então — Umberto (Klébber Toledo), Teodoro (Daniel Dalcin) entre outros. Eles dizem frases que caberiam perfeitamente na boca de quem nasceu bem depois, mas se comporta da mesma maneira. Também é possível achar correspondência entre os conflitos familiares das duas épocas. Essa rede que liga 1903 a 2012 não ajuda apenas a atribuir um sentido mais amplo às tramas. Ela evoca os arquétipos por trás de cada personagem, conferindo a eles uma dimensão maior. Desviar dos sotaques foi outra boa escolha. Nada do português mais arcaico, todo mundo diz “pra” e até algumas gírias contemporâneas surgem de vez em quando. Essas diferenças aparadas facilitam a identificação do público com os dramas amorosos que carregam a história de João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Tudo isso fecha com uma trilha sonora que faz uma ponte entre um período da formação do samba e da organização do carnaval urbano e o panorama atual da música.

Apesar desses acertos de conceito e de realização (a direção é de Dennis Carvalho), há derrapadas que precisam de conserto. Se o objetivo é a naturalidade, não se pode cair nos verbetes explicativos. Quem foi Tia Ciata e os primórdios do futebol no Brasil são dois exemplos de temas abordados de forma forçada. Uma cena recente chegou a constranger. Nela, Fernando (Caio Blat) leu para os amigos em voz alta as regras do futebol. “The football match”, começou ele, que seguiu: “a partida é jogada por duas equipes”. E continuou: “Corner é o desvio da bola pela linha de fundo. Dribbling é quando eu engano o oponente”.
Nada disso combina com a viagem que “Lado a lado” — tão bem-produzida e com enredo empolgante — vem proporcionando ao público.

  FONTE: Blog Patrícia Kogut

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