quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Gawronski recria com inventividade Cordélia Brasil

 

Gawronski recria com inventividade Cordélia Brasil
Luís Francisco Wasilewski

2008 pode ser considerado o ano do (re) descobrimento do teatro de Antônio Bivar. Há poucos meses, Gustavo Paso dirigiu Alzira Power. Agora é a vez de Gilberto Gawronski mostrar a sua leitura de Cordélia Brasil.
Cordélia Brasil é um marco na história do teatro brasileiro. Norma Bengell chegou a ser presa por representar a funcionária pública que para sustentar o marido, o lunático e preguiçoso Leônidas, se prostitui nas horas livres. O acerto da direção de Gilberto foi transportado para encenação todo o universo fantasioso onde estão Leônidas, Rico, o jovem que entra na vida do casal e Cordélia, que apesar de ser a personagem com os pés mais fincados na realidade, também envereda pela fantasia.
Esta atmosfera onírica está presente nos belos e coloridos figurinos de Marcelo Pies e na iluminação de Maneco Quinderé. Além disso, Gilberto lança mão de um recurso que já havia utilizado em outra encenação sua: Do outro lado da tarde, de Caio Fernando Abreu (autor por sinal, pertencente à geração de Bivar não só por idade, mas por afinidade). O recurso a que me refiro é do espectador interagir com os atores através da utilização de bolinhas de sabão que a platéia solta em um determinado momento da peça.
Toda essa inventividade da montagem não impediu que Gilberto conduzisse bem o belo trio de atores na peça. Cadu Fávero apresenta a indolência e a fantasia de Leônidas. George Sauma vivendo Rico já desponta como um dos grandes atores de sua geração. E Maria Padilha, que já foi a Zulmira de A falecida, a Pórcia de O mercador de Veneza, mais uma vez, alcança um grande desempenho fazendo a sua Cordélia ora cômica, ora dramática.
Portanto, esqueça o crítico casmurro que destruiu o espetáculo. Vá assistir Cordélia Brasil. Conheça um clássico de nossa dramaturgia e brinque com as bolinhas de sabão. É tão bom!

FONTE: Crítica enviada pelo Luís Francisco Wasilewski - foi publicado no Site Aplauso Brasil em Agosto de 2008.


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