segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Aos 52 anos, Maria Padilha está na reta final do processo de adoção de uma criança



Destaque na televisão interpretando uma atriz do início do século na novela 'Lado a Lado', Maria Padilha aparecerá nas telas de todo Brasil, a partir do dia 25, na pele de uma pianista no longa 'País do Desejo', de Paulo Caldas.


O ano de 2013 promete ser singular na vida de Maria Padilha (52). Sucesso na televisão como Diva, uma atriz do início do século em Lado a Lado, novela das seis da Globo, ela também aparecerá nas telas de todo Brasil, a partir do dia 25, na pele de Roberta, uma pianista que sofre de uma doença crônica renal no longa País do Desejo, de Paulo Caldas. Paralelo aos projetos profissionais, a atriz está realizando um sonho que extrapola sua trajetória de atriz. Casada há três anos com o iluminador Orlando Schaider (40) Maria se diz pronta para ser mãe. Ela está na reta final do processo de adoção de uma criança, desejo que acalenta há cerca de quatro anos.  “Já considero como se fosse meu, mas ainda terei que passar por uma avaliação, porque eles deixam de seis meses a um ano com a pessoa, pra fazerem a avaliação”,  revela, argumentando que não pode falar muito sobre o processo obedecendo uma orientação da Justiça. Durante uma entrevista exclusiva para CARAS Online, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, no Rio, Maria Padilha falou sobre adoção, casamento, maturidade e carreira.

A partir do dia 25 você estará nas telas interpretando uma pianista em “País do desejo”. Como foi fazer esse filme?
- Nós filmamos em 2010. O roteiro junta ciência, religião e artes. Tem o personagem de um padre, feito pelo Fábio Assunção e suas insatisfações com os dogmas da religião, que não atendem aos seus anseios mais cristãos de amor ao próximo. Tem um médico que é o Gabriel Braga Nunes, irmão do Fábio no filme, e o meu personagem, que é uma pianista. Ela sofre de uma doença crônica renal, faz diálise, já fez transplante, mas não deu certo, e ela está em fase terminal quando começa o filme. Ela não quer parar de tocar e vai fazer um concerto numa cidade. Tem uma chuva torrencial, vai pouquíssima gente e estão na plateia o padre e o médico. No meio do concerto e ela vai para uma clínica e conhece o padre. Os filmes pernambucanos, de um tempo pra cá, estão tentando sair do cangaço, da pobreza. É uma tentativa de conversar com essa outra classe social.
- Já tocava piano antes ou aprendeu para interpretar a personagem?
- Toquei quando era adolescente e nunca mais tinha tocado, porque piano é muito difícil. Quando fiz a peça “As Três Irmãs”, em 1999, tinha um diretor musical muito legal, dizia-se que meu personagem tocava piano e ele me colocou em duas cenas tocando uma coisinha bem simples. Reaprendi. Tenho dois projetos para quando acabar a novela, voltar a fazer aula de dança e piano.
Em ‘Lado a Lado’ você vive uma atriz do início do século. Como tem sido a experiência?
- A gente sabe como era, mas a novela também tem que dialogar com o público. Naquela época, todas as atrizes falavam com sotaque português e, se a gente fizesse isso, ficaria distante. Tem umas licenças poéticas, é uma brincadeira e, por ser uma novela das seis, não é um tratado sociológico profundo sobre teatro daquela época, é um panorama.

Sua personagem luta pelo teatro dela e você também já passou por algumas situações em que teve que lutar para conseguir encenar uma peça, como quando posou nua. Como foi isso?
- Queria fazer a peça de qualquer maneira. Eu luto pelas coisas, como ela. Na minha vida as coisas não são muito fáceis, apesar de parecerem. E gosto do que é mais difícil, sou do contra. Se falam que essa peça é a minha cara,  vou querer fazer a outra e sofrer porque não é tão fácil pra mim. Gosto do que me apresenta desafio.
Dezenove anos depois, se arrepende de ter posado nua?
- Não. Nunca peguei uma ponte aérea e recebi uma cantada por causa daquelas fotos. Tinha uns amigos muito ciumentos, que não queriam que eu fizesse, e depois o mais ciumento deles me ligou dizendo que ficou muito feliz, porque as fotos não me revelavam.

São 32 anos de carreira?
- Profissionalmente. Considero que comecei a ser atriz quando larguei a faculdade de desenho industrial, fiz umas peças infantis, musical, mas não achava que ia ser atriz, curtia, não achava que aquilo ia ser a minha profissão. Era um hobby, sempre gostei desde criança, porque não tinha artista na família, não era muito viável.
Você declarou recentemente que gostaria de adotar uma criança. Como está essa questão?
- Estou com uma adoção em processo e, quando a gente está em processo, não pode mostrar a criança, porque só será concretizado daqui a uns nove meses. Acho melhor não falar muito, porque já considero como se fosse meu, mas ainda terei que passar por uma avaliação porque eles deixam de seis meses a um ano com a pessoa, para fazerem a avaliação. Estou até gostando, mas isso surgiu junto com a novela e fiquei quase louca (risos). Vou acabar a novela e ter mais tempo pra me dedicar.

Fez restrições sobre idade e sexo?
- Não, meu perfil era bem diverso. Demorou muito, depois de habilitada, três anos e meio. É bom pras pessoas saberem, é projeto para cinco anos. Depois pensei que devia ter feito inseminação artificial (risos).
-  Esta descobrindo a maternidade agora. Não era uma prioridade antes?
- Era muito exigente com parceiros, porque pensava em não ter filhos com um homem para não ficar ligada pelo resto da vida a ele. Tinha medo dessa ligação. Fui descobrindo varias coisas na análise, também pelo fato da minha mãe ter morrido cedo, tinha medo de morrer e não poder cuidar da criança. Tinha medo de não ter dinheiro porque sempre fiz escolhas bem arriscadas, como, por exemplo, ao invés de uma novela fazer uma peça, e com filho seria diferente. Acho que foi o que tinha que ser e está ótimo.
- Viveu alguma crise com a chegada dos 50 anos?
- Estava pensando nisso antes de vir pra cá. A idade é que nem uma enchente, as pessoas estão vendo na televisão, morrendo de pena, mas você está ali tendo que tirar a água e não está podendo pensar em “coitado de mim que estou vivendo uma enchente”. Então, acho que a idade preocupa muito mais a quem está de fora do que a quem está dentro, porque a gente vai vivendo o que tem pra viver. E não tem nada que mude da noite pro  dia, é que nem ano novo, nada muda do dia 31 para o dia 1º, como nada muda dos 49 pra 50, o cabelo não fica branco de repente, nem as rugas chegam de repente. Não estou querendo minimizar, mas as pessoas de fora adoram saber a idade dos outros, principalmente mulher.

- Então essa é uma questão bem resolvida para você?
- Outro dia vi uma entrevista da Jane Fonda e ela disse que quando fez 60, falou “vou viver o terceiro ato da minha vida”. Porque, normalmente as pessoas vivem até 90 anos, então ela disse que resolveu dar uma arrumada na vida, pra viver aquele terceiro ato bem. Achei bacana, gostei da ideia, vou dar uma arrumada na casa espiritual, emocional, material, para passar os próximos  anos mais tranquila. E a idade é o que se acumula de experiência, você pode ter 50 anos e uma experiência de quem viveu 20 e pode ter 20 anos com experiência enlouquecida. Então, às vezes isso te dá uma coisa atá chata, porque já sabe o que não vai dar certo, o que não é tão bom, mas tem que esperar as outras pessoas perceberem. A idade requer um exercício de paciência, porque senão a vida fica muito chata, tem que se divertir.
- Envelhecer não te assusta?
- Não. Sabe que me assustava mais quando era jovem, eu pensava “caramba, 50 anos!”.
Não tenho problema de ficar sozinha, adoro ler, cinema, teatro, adoro ter amigos, não me assusta, também gosto. Sou uma pessoa agregadora, gosto de estar entre pessoas, mas também gosto da solidão. O problema da velhice é o estigma, porque um sapato velho a gente joga fora, o estigma de não ter mais utilidade. Não quero ser enxergada como uma pessoa que não tem mais utilidade ou, por conta da velhice, ficar com problemas físicos ou psicológicos, doença é uma coisa muito chata.

- Como lida com a boa forma?
- Eu era muito magra há  um tempo atrás, tive anorexia nervosa, não conseguia comer, comia e me dava um bolo no estômago, então tinha problema pra ganhar peso. Fiz, durante muito tempo, uma alimentação trash, com danoninho, sucrilhos, coisa que engordasse e não me desse trabalho de comer, creme de abacate, muito doce. Depois quando tinha 36 anos, fui a um geriatra, fiz exames e estava tudo lá em cima. Ele disse que eu teria que mudar radicalmente, então mudei, meu desejo pra doce diminuiu muito. Adoro brigadeiro, mas como dois e já fico enjoada.  Lá em casa é meio natural, a gente come coisas integrais, não como fritura, gordura, quase não como carne, raramente, só se for um churrasco, uma carne feita na hora, porque não sou radical.
- Faria alguma plástica de rejuvenescimento?
- Se necessário, sim. Acho que a gente não deve tentar ter o rosto que tinha com 30, 40 anos aos 60, porque tem que ter uma harmonia. Há pouco tempo, vi uma foto minha e minha boca era maior, me deu um ódio, minha boca acabou. Então, fui a um grande cirurgião e queria fazer alguma coisa. Ele falou que se colocasse aquela boca no meu rosto agora, ia ficar horrível porque antes ela cabia no meu rosto e agora ia ficar parecendo uma patolina (risos). Ele não quis fazer. Vai chegar uma hora em que vou ter que optar, ou fico um pouco torta e toda empapada... Acho que sou vaidosa e vou optar por uma plástica.

- Seu marido é 12 anos  mais novo que você. Em algum momento essa diferença de idade foi um problema?
- Ele tem 40. Até maio, brinco que fico 11 anos só  mais velha. Quando o conheci, achei que ele era mais velho, porque tem cara de mais velho. Quando soube a idade, tive um choque emocional. Isso é uma coisa chata pra mulher. Sempre gostei de homem mais velho, gosto de ouvir histórias de experiências, sou nostálgica de épocas que não vivi, mas os homens da nossa idade ou mais velhos ou estão casados ou loucos pra descansar e pegar uma garotinha que não questione nada, não querem pegar uma relação. Quando conheci o Orlando, achei que era um homem já formado, ele tem três filhos. Mas tudo certo, não atrapalha nada. Antes dele, já tinha namorado algumas pessoas mais jovens.
FONTE: CARAS

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