terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Há 10 anos estreava 'Mulheres Apaixonadas', sucesso das 21h




Maria Padilha, Christiane Torloni e Giulia Gam viviam três irmãs no folhetim Foto: TV Globo / Divulgação

Maria Padilha, Christiane Torloni e Giulia Gam viviam três irmãs no folhetim

Mesmo antes de escreverLaços de Família, exibida em 2000 pela Globo, Manoel Carlos já planejava criar uma trama chamada Mulheres Apaixonadas. E exatamente como a que foi produzida e estreava no horário nobre em 17 de fevereiro de 2003. Cheia de mulheres que, de fato, demonstravam paixão por alguém. Ou, em alguns casos, até uma dependência absurda emocional e psicológica. 
"Tinha a que era apaixonada pelo filho, pelo homem que a espancava, até pelo álcool", lembra o autor, que entregou a protagonista Helena nas mãos de Christiane Torloni, em depoimento ao projeto Memória Globo. Curiosamente, na parte inicial da trama, era justamente ela a mulher que não se enquadrava tanto no título da história. Beirando os 40 anos, a mocinha era pouco convencional perto do que se costumava ver nas heroínas do horário nobre.
Primeiro, porque já começava a trama assumindo uma traição conjugal cometida em plena lua de mel. E inicialmente não combinava com o título porque se encontrava justamente em um momento de falta de desejo e paixão pelo marido Téo, vivido por Tony Ramos. "Não tinha nada de careta essa Helena e nem era uma mulher que ditasse princípios morais. Era movida a paixão, mas já não conseguia sentir isso pelo companheiro", recorda Christiane, que acredita ter sido chamada para o papel justamente pelo lado "politicamente incorreto" da personagem.
"A Jô, que fiz em A Gata Comeu, era capaz de dopar uma noiva para impedir um casamento. E a Dinah, de A Viagem, não era nada certinha. Ambas se modificaram em função do amor. Se tornaram, depois, mulheres melhores. Gosto desse tipo de papel", defende. No passado, Helena largara um namorado para engatar o romance com Téo. E era exatamente esse ex, um médico vivido por José Mayer, que despertava nela, mais uma vez, o desejo e a paixão da qual sentia falta.
Uma situação que poderia desagradar telespectadores mais conservadores. Mas isso não preocupou Christiane. "Não faço julgamento de personagens. É a humanização deles, aliás, que faz com que o público acredite e se envolva pela história. Fora que o ator deve ser fiel ao autor e este, ao seu público", filosofa a atriz. Como de costume, Manoel Carlos promoveu algumas campanhas de marketing social em Mulheres Apaixonadas.
Através da ciumenta Heloísa, irmã e confidente de Helena, papel de Giulia Gam, tornou conhecido o grupo MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas). Na trama, Heloísa sentia um amor descontrolado pelo marido Sérgio, de Marcello Antony, chegando a feri-lo com uma faca durante uma briga. Para se tratar, acabava recorrendo ao grupo de apoio. Além disso, Hilda, de Maria Padilha, a irmã mais velha de Helena, viu toda a felicidade de seu lar desmoronar ao descobrir um câncer.
Santana, personagem de Vera Holtz, era uma professora que lutava contra o alcoolismo, enquanto Dóris, de Regiane Alves, se rebelava e maltratava os avós idosos depois que eles se mudavam para a casa onde a menina vivia com os pais e o irmão, desencadeando uma discussão sobre o tratamento dado às pessoas da terceira idade. E Raquel, de Helena Ranaldi, sofria com a violência do marido Marcos, papel de Dan Stulbach.
Sendo que todas as atenções se voltaram mesmo para a campanha do desarmamento, lançada a partir de uma cena de tiroteio no meio do Leblon, zona sul do Rio. Na sequência, Téo levava um tiro na cabeça e sua ex-amante Fernanda, interpretada por Vanessa Gerbelli, era atingida no peito, morrendo alguns capítulos depois. "Naquela época, acho que a TV a cabo não tinha tanta força e a audiência era mais alta. A repercussão dessas cenas foi incrível. Tanto que me param para falar disso até hoje", conta Vanessa. 
Outro assunto discutido era a relação entre pessoas do mesmo sexo. Manoel Carlos decidiu colocar, no núcleo do colégio dirigido por Helena, um casal de meninas que se apaixonava e decidia levar a relação adiante, mesmo contra a vontade de uma mãe preconceituosa e de colegas que não viam com bons olhos aquele tipo de namoro. Paula Picarelli e Alinne Moraes deram vida às corajosas Rafaela e Clara, enquanto Roberta Gualda interpretava Paulinha, uma aluna homofóbica.
"Mas a menina má maltratava o pai, então o público não gostava dela. E outras amigas da escola protegiam o casal. Pesos e contrapesos que devem ser usados com critério para pegar os telespectadores que aprovam e os que não aprovam de maneira sensata", avalia Manoel Carlos. O autor criou muitos núcleos com vida própria, mas que se entrelaçavam, montando o "quebra-cabeça" de acordo com as respostas que recebia.
O resultado foi uma novela que ganhou uma legião de fãs e alcançou média geral de 47 pontos. Um número que é motivo de orgulho para toda a equipe. "Foi uma época maravilhosa. É, sem dúvida, um dos melhores trabalhos que já fiz", garante o diretor-geral, Ricardo Waddington. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário