Um pouco de bom humor não faz mal a ninguém. Ao longo de quase 20 anos de carreira, Maria Padilha descobriu um jeito simples e eficaz de transformar papéis secundários e sem graça em personagens divertidos e de grande empatia com o público. A tal fórmula se resume em adicionar umas boas e generosas pitadas de humor nos tipos que interpreta. Foi assim em 1992, quando a atriz chamou a atenção graças a Karen, uma grã-fina meio destrambelhada que só pensava em dinheiro em "O Dono do Mundo". A história se repetiu em 1997, quando Maria voltou a interpretar a dondoca fútil e tonta em "Anjo Mau". Alberta, de "Malhação", não foge à regra. "Às vezes, certos personagens não têm muito o que oferecer para o ator. Nessas horas, o humor se revela uma solução agradável para enriquecer um trabalho", esclarece.
De fato, bom humor é o que não falta a essa carioca de 39 anos. E ela mesma afirma que precisou de muito fair-play para aceitar o convite do diretor Ricardo Waddington para interpretar Alberta, uma ricaça que não faz outra coisa na vida a não ser se intrometer com o casal Rubem e Cláudia, personagens de Paulo Gorgulho e Lília Cabral. "Não sei nem o que dizer sobre ela. Alberta só entra em cena, fala alguns absurdos e depois sai", assume. Mesmo assim, Maria Padilha prefere encarar o atual trabalho mais como missão do que como castigo. Desde que atuou em "Anjo Mau", ela já recusou duas propostas de trabalho: uma para "Meu Bem Querer", de Ricardo Linhares, e outra para "Suave Veneno", de Aguinaldo Silva. Na época, a atriz estava às voltas com a produção da peça "As Três Irmãs", escrita por Anton Tchekov, e simplesmente não pôde aceitar o convite.
Não é a primeira vez que Maria Padilha participa de uma produção voltada para o público teen. Em 1996, ela aceitou o convite do diretor Roberto Talma para integrar o cast de atores da produtora JPO. Lá, participou das gravações de "Colégio Brasil", uma novela criada nos mesmos moldes de "Malhação" e exibida pelo SBT. "A única diferença é que o 'Colégio Brasil' era menos politicamente correto. Já 'Malhação' cumpre um papel mais educativo", compara. A experiência de trabalhar com Roberto Talma só não foi melhor por conta do descaso do SBT.
Já na Globo, a atriz voltou a exercitar a veia cômica no remake de "Anjo Mau". O papel de Stela, porém, não era muito diferente do de Giovanna, de "O Mapa da Mina", ou do de Bruna, de "Cara & Coroa". Para ela, o maior responsável por sua permanente escalação no papel da "perua" fria e calculista foi Gilberto Braga. "Foi a Karen quem me colocou esse carma. Depois de fazer uma perua do Gilberto, fica difícil fazer outra igual ou melhor", diverte-se.
Nem todo o bom humor, porém, é capaz de esconder a frustração da atriz ao falar de seu mais recente trabalho na Globo. Embora afirme que adora trabalhar na "Hollywood brasileira" por causa do alcance do veículo, a atriz ressalva que os papéis mais interessantes que já interpretou até hoje foram no teatro e no cinema. "É lá que posso experimentar algo diferente do que normalmente faço na tevê", resigna-se. O único consolo da atriz é que, ao aceitar o convite de Ricardo Waddington para fazer "Malhação", ela pediu que sua participação fosse temporária. "Não vou fazer 'Malhação' pelos próximos cinco anos da minha vida. Se isso tiver de acontecer, corto os pulsos antes", brinca.
Se o papel em "Malhação" não provoca arroubos de entusiasmo em Maria Padilha, o mesmo não se pode dizer de sua participação em "Zorra Total". Às vezes, a atriz substitui Bianca Byington no quadro "Manual de Sobrevivência", estrelado por Pedro Cardoso. "Já começamos a bolar o piloto de outro quadro para o ano que vem", adianta. Os dois já se conhecem há 20 anos. Na época, Maria Padilha protagonizava a peça "O Despertar da Primavera", enquanto Pedro trabalhava como assistente de iluminação. Anos mais tarde, os dois se reencontraram em "Anos Rebeldes". Quando soube que os dois eram amigos, Gilberto Braga escreveu uma cena para a dupla. "O Pedro fazia um diretor teatral e eu, uma atriz. A gente encenava uma 'Fedra' tropicalista", recorda.
Maria Padilha reconhece que o parceiro de "Zorra Total" não é um dos mais fáceis com quem já trabalhou. Mesmo assim, ela prefere a convivência atribulada com Pedro Cardoso do que a aparente facilidade de outros colegas de trabalho. "O Pedro é uma pessoa de opiniões fortes. Não é como muita gente que se torna difícil por não ter opinião nenhuma", justifica. Satisfeita com a atual investida no humor, a atriz não esconde o sonho de, um dia, participar de um programa com outros atores de sua geração, como Miguel Falabella e Daniel Dantas.
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