Para sustentar seu companheiro Leônidas, que sonha em ser escritor de histórias em quadrinhos, Cordélia, além de trabalhar como auxiliar de escritório, começa a se prostituir. Ela traz para casa um jovem de 16 anos, Rico, que acaba morando com eles. Forma-se então um triângulo, em que se insinua a cumplicidade entre os dois homens, já que Rico se identifica com o comportamento de Leônidas para com Cordélia. A relação torna-se cada vez mais conflituosa, acabando por precipitar um desfecho trágico que, paradoxalmente, é tratado de forma poética e absurda.
"Em Cordélia, Bivar trata, sim, de um mundo marginalizado, mas não faz estardalhaço do fato, e, o que é mais importante, não extrapola interpretações definitivas da precária organização social que gerou aquele fragmento de inferno que mata pacientemente os que o habitam: em mundos menos absurdos, pode-se morrer por causas nobres e justificáveis, com o acompanhamento de um grande gesto; no mundo de Bivar, onde o trágico passa por banal, morre-se por um cigarro que alguém roubou." TITE DE LEMOS (O País, RJ, 1968)
"O talento nascente do jovem dramaturgo Antonio Bivar é inconteste. Há, em meio ao indomado caos, o importante que Antonio Bivar flagrantizou dentro da sua atitude negativa, a furiosa necessidade de afirmação e de registro que as criaturas têm na passagem por este velho e selvagem mundo. Este aspecto, o mais fundo da peça de Bivar, nos leva a algo para afirmarmos que existimos. Cordélia Brasil ficaria lembrada por uma fotografia, nua, como veio ao mundo. Cordélia Brasil é uma peça essencialmente moral." VAN JAFA (Correio da Manhã, RJ, 1968)
"A peça de Bivar é muito engraçada, muito terna e muito cruel. O marginalizado da classe média vivendo uma situação absurda de sobrevivência, desinteressando-se não só pelo destino da sociedade em que vive mas até mesmo pelo seu destino individual." LUIZ ALBERTO SANZ (Ultima Hora,RJ, 1968)
"Bivar possui uma força poética extraordinária e uma contundência poucas vezes vista entre os nossos autores." FAUSTO WOLFF( Tribuna da Imprensa, RJ, 1968)
FONTE: Portal SESCSP
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