domingo, 14 de outubro de 2012

Ela está de volta!

Depois de nove anos sem participar de uma novela completa, apenas atuando em participações especiais, a atriz carioca Maria Padilha está de volta em Lado a Lado
No papel da atriz Diva Celeste, de Lado a Lado, Maria Padilha, 52, volta às telenovelas depois de nove anos sem um papel integral, apenas com participações especiais como as feitas em Insensato Coração e A Grande Família. Sua última novela foi Mulheres Apaixonadas, de 2003. A pausa - motivada por projetos no teatro e cinema e pelo desejo de adotar uma criança, como ela conta em entrevista a seguir - encerrou-se em setembro, quando estreou em Lado a Lado, nova novela das seis. 
Dirigida por Vinícius Coimbra, a produção é ambientada no Rio de Janeiro do começo do século XX, época das reformas urbanas que deram a cara do centro do Rio de hoje, do surgimento do samba e de uma maior emancipação feminina. Nesse cenário, Maria Padilha encarna uma bela atriz, integrante de uma companhia de teatro. Abaixo, ela fala sobre sua nova personagem e os anos fora da TV.

Projeto
Enquanto esteve afastada das telenovelas, Maria Padilha atuou no teatro e no cinema. Participou, entre outros, do espetáculo A Escola do Escândalo, dirigido por Miguel Falabella, e do filme País do Desejo, de Paulo Caldas. 

Teatro
A volta de Maria Padilha às telenovelas interpretando uma atriz de teatro não poderia ser mais adequada. Identificada profundamente com o palco, ela participou de espetáculos dirigidos por grandes diretores brasileiros como Aderbal Freire-Filho, Luis Antônio Martinez Corrêa e Amir Haddad.

O Povo - Uma das razões de passar tanto tempo sem fazer novelas foi a vontade de adotar uma criança. Conseguiu superar as dificuldades burocráticas que atrasaram o desejo?
Maria Padilha – Não foi bem assim. Esse foi um dos motivos. O que aconteceu foi que quando me convidaram eu havia acabado de receber minha habilitação para adoção e fiquei com medo de entrar numa novela com uma criança surgindo. Só que eu fui muito ingênua, porque o buraco é muito mais embaixo. Antes também tive um problema pessoal, minha irmã ficou muito doente e eu quis ficar disponível pra ela. Depois foram projeto pessoais, fiquei esperando dois filmes acontecerem...

OP – Mas conseguiu adotar a criança?
Maria – Nada. Triste isso. É tão complicado. Nossa, eu fui muito ingênua (em achar que seria rápido o processo).
 
OP - O que a fez aceitar o convite para Lado a Lado?
Maria - Nem foi bem um convite. Eu tenho um projeto de uma peça que eu vou fazer, mas, por conta dos direito autorais, vi que só vou poder fazê-la no segundo semestre de 2013. Então eu pensei que seria um bom momento pra voltar a fazer novela. Comecei a ligar pros diretores que já haviam me chamado e mandei uma mensagem pro Dennis Carvalho [diretor de núcleo de Lado a Lado]. Ele me disse que eu inclusive já estava na lista Foi uma coincidência. 

OP - Como carioca, o que lhe anima em encenar uma época mítica da cidade, as primeiras décadas do século XX, que formou historicamente grande parte do caráter do Rio de Janeiro como o conhecemos hoje?

Maria - O meu núcleo fala mais do teatro, das artes, que também é muito interessante, só tem atores que fazem principalmente teatro: Paulo Betti, Tuca Andrada, Maria Clara Gueiros, Álamo Facó e Maria Eduarda. Nós temos conversado muito, porque é legal poder falar de teatro na televisão. Você pode imaginar. Se hoje a cultura não tem o lugar que a gente sonharia, você imagina nessa época. A atriz que eu faço quer montar Shakespeare, quer levar o teatro brasileiro a um padrão de excelência e é difícil porque as pessoas só querem ver comediazinhas. É uma discussão atual, porque a gente tá querendo sempre melhorar o teatro e tem que contar com uma situação de comodidade do público.
OP - O período da história do Rio abordado é cheio de contradições, como a reforma urbana de inspiração parisiense e a expulsão das populações pobres da região central para os morros. É possível para uma novela das seis abordar essas questões?
Maria - Quando você vê essa novela Avenida Brasil, ela toca em vários pontos que são reais, mas eu li uma entrevista do João Emanuel Carneiro (diretor) em que ele dizia: “Não se iludam, a gente vai glamourizar um pouco.” Se colocar a realidade como ela é, não sei se o público vai gostar. A arte é uma invenção, ninguém se propõe a ser um documentário. A gente teve umas aulas de história nos workshops da novela e vimos que as pessoas não tinham, por exemplo, saneamento no Rio de Janeiro nessa época, então elas jogavam pela janela. Eu acredito que isso não vai estar na novela. Mas o tanto de realidade que ela já tem, pelo texto, pelas situações, já é muito bacana, porque não é só uma novela romântica de época.

OP - A sinopse da novela cita como tema principal “o nascimento da mulher moderna na sociedade brasileira.” Sua personagem é uma dessas precursoras?
Maria - A minha personagem, por ser uma artista, já tem um outro lugar, porque elas já eram mais liberadas, já tinham um outro tipo de vida. Minha personagem tem dois amores (Paulo Betti e Tuca Andrada), por exemplo, e tem um filho que não se sabe de quem é e tá tudo certo, quer dizer, não sei se tá tudo certíssimo, mas ela não é uma pária social. Ela não é uma dama da sociedade, mas tem uma liberdade, que é uma coisa que os artistas sempre tiveram em todos os séculos, ao mesmo tempo uma liberdade e uma exclusão, por serem tratados com preconceito. A novela tem essa discussão.
FONTE: O Povo Online

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