segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Impasse entre o amor e a profissão










MontagemTuca Andrada e Maria Padilha vivem no palco o drama da complexidade urbanacontemporâneaFotos: Divulgação

Impasse entre
o amor e a profissão


"Mão na Luva", em cartaz na Capital, foi escrita por Oduvaldo Vianna Filho, um dos grandes autores do teatro nacional


Regis Mallmann

Considerado um dos maiores dramaturgos brasileiros do século 20, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, é um dos autores que melhor traduziu o cotidiano nacional em seus textos e personagens de complexidade urbanacontemporânea inconfundível. Uma dessas peças é "Mão na Luva", cuja mais recente montagem, dirigida por Amir Haddad, será representada neste final de semana no Teatro Ademir Rosa do Centro Integrado de Cultura (CIC). No elenco, Tuca Andrada e Maria Padilha, a quem cabe interpretar o casal que conduz a trama em que o redator de uma revista se vê diante de um dilema ao enfrentar mudanças profissionais que acabam por interferir em seu casamento.
Morto em 1974, aos 38 anos, Vianinha não chegou a ver "Mão na Luva" no teatro. O texto só foi encontrado depois de sua morte e acabou se transformando numa espécie de emblema de sua obra. É uma história que se alinha ao estilo de escrever que marcou sua carreira, iniciada em 1955, primeiro como ator no Teatro Paulista do Estudante, numa montagem de "A Rua das Igrejas", do norte-americano Lennox Robinson. Somente enveredaria para a criação dramática dois anos depois, quando assinou "Bilbao, Via Copacabana", logo encenada no Teatro Arena e que o introduziu definitivamente no panteão dos grandes autores do teatro nacional.
Originalmente intitulado "Corpo a Corpo", o texto foi batizado de "Mão na Luva" em sua primeira montagem, dirigida por Aderbal Júnior, em 1984. O enredo é centrado no personagem Lúcio Paulo que, atraído por uma oferta de promoção no trabalho que desempenha como redator de uma revista, cai na armadilha do inconsciente ao deixar para trás antigas virtudes e sonhos. São projetos de vida que traçara com a mulher, Sílvia. O conflito que enfrenta diante da possibilidade de ocupar a vaga de um colega obrigado a se demitir quando a propriedade da revista troca de mãos conduz a trama, pautada pela discussão sobre o quanto é preciso subverter valores para obter crescimento profissional e financeiro.
Para agravar, Lúcio Paulo se defronta com a revolta da mulher. É ela quem o questiona sobre os rumos que ele está tomando e para onde pode levar todo esse processo de aviltamento das idéias que antes moldavam seu caráter. O confronto acaba por minar também o outrora harmonioso relacionamento do casal. Começa então uma profunda crise afetiva, que deságua numa discussão que no palco chega a extremos e faz da platéia testemunha de todo um processo de busca de respostas, que podem tanto ser encontradas quanto ficar perdidas nas reminiscências da dupla em cena.
O QUÊ: Peça MÃO NA LUVA, de Oduvaldo Vianna Filho, direção de Amir Haddad, com Maria Padilha e Tuca Andrada.QUANDO: Hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h.ONDE: Teatro Ademir Rosa do Centro Integrado de Cultura (CIC), av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis, tel.: (48) 333-2166. QUANTO: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (para estudantes ou para quem levar um quilo de alimento não-perecível), adquiridos na Clínica dos Pés do Ceisa Center e rua Felipe Schmidt, e na bilheteria do teatro, das 13 às 19h.




Peça reúne
nomes expressivos

O trabalho de Maria Padilha transita entre o teatro, a TV e o cinema. Nos palcos, atuou em dez peças antes de interpretar Sílvia em "Mão na Luva", tendo destaque suas atuações em quatro montagens do Grupo Despertar, no qual fez a estréia nos palcos. Também teve atuação elogiada em "Lúcia Mc Cartney", com direção de Miguel Falabella, que também a dirigiu em "No Coração do Brasil". Com Amir Haddad já havia trabalhado em "Mercador de Veneza", quando dividiu o palco pela primeira vez com Tuca Andrada.
Premiada, tem na estante um Prêmio Mambembe de revelação como melhor atriz, um Sated de melhor atriz, um Prêmio Shell e um Prêmio Sharp, todos referências que colocam seu nome dentro do primeiro time do teatro brasileiro. Na TV, atuou em uma minissérie e sete novelas, entre elas "Água Viva", "O Dono do Mundo", "Anjo Mau" e, mais recentemente, em "O Cravo e a Rosa".

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