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TV Press
Maria Padilha encerra o ano 2000 completando duas décadas de carreira na televisão. Dona de um jeito sereno e uma voz extremamente suave, a atriz ainda se constrange ao lembrar da sua primeira aparição em "Água Viva", novela de Gilberto Braga em que vivia uma típica adolescente da Zona Sul carioca. "A personagem levava uma vida parecida com a minha. Eu vivia na praia e falava um carioquês bem arrastado também", confessa Maria Padilha. Após 20 anos, dez novelas e três minisséries no currículo, ela dá risada da ingenuidade em que aparecia em frente das câmaras e vibra com a sua personagem Dinorá na novela "O Cravo e A Rosa". "Não podia comemorar a data em melhor estilo. Minha personagem é saborosa e a novela está com uma audiência surpreendente", empolga-se a atriz de 38 anos.Na verdade, a novela das seis da Globo também serve para Maria Padilha se reencontrar com o diretor Walter Avancini e com o ator Ney Latorraca. Com o diretor, a atriz chegou a fazer no cinema o filme "Boca de Ouro", uma adaptação da peça de Nélson Rodrigues. "O Avancini era uma peste, mas agora está bonzinho. A novela faz sucesso graças a mão de ferro dele na direção", elogia a atriz. Já com Ney Latorraca, que faz seu marido submisso em "O Cravo e A Rosa", Maria Padilha chegou a contracenar no filme "Das Tripas Coração", de Ana Carolina, e na novela "Eu Prometo", de Janete Clair. "Trabalhar com o Ney é sempre uma festa", afirma a atriz.
Você arriscaria uma comparação entre o modo de interpretar na tevê na sua estréia, em 1980, para o momento atual?
Maria Padilha - Quando estreei em "Água Viva", a proposta era fazer algo naturalista. Quase como se o ator fosse o próprio personagem. Interpretava uma jovem do Posto 9 de Ipanema, que tinha um sotaque carregado. Era bem parecido com a minha realidade da época. Porque fui jovem de Ipanema. Estes dias revi algumas cenas de "Água Viva" no "Vídeo Show" e estranhei muito. Não sabia que, por meu personagem na novela ser pequeno, teria de valorizar até as vírgulas. Mas não tinha experiência e por isso ficou meio esquisito. Para se ter uma idéia, nesta época jovem não se maquiava na tevê. Não tirava olheira ou usava sequer um blush. Como vinha de casa a gente gravava. Era uma proposta que se ampliou em novelas como "Pecado Capital" e "Dancin'Days". Ver os atores na tevê como pessoas que a gente via na rua. Hoje em dia não. Todas as meninas de "Malhação", por exemplo, usam rímel e maquiagem. No início dos anos 80 era cafona o ator arrumar o cabelo. Isso acabava com a fama de qualquer galã.
Maria Padilha - Quando estreei em "Água Viva", a proposta era fazer algo naturalista. Quase como se o ator fosse o próprio personagem. Interpretava uma jovem do Posto 9 de Ipanema, que tinha um sotaque carregado. Era bem parecido com a minha realidade da época. Porque fui jovem de Ipanema. Estes dias revi algumas cenas de "Água Viva" no "Vídeo Show" e estranhei muito. Não sabia que, por meu personagem na novela ser pequeno, teria de valorizar até as vírgulas. Mas não tinha experiência e por isso ficou meio esquisito. Para se ter uma idéia, nesta época jovem não se maquiava na tevê. Não tirava olheira ou usava sequer um blush. Como vinha de casa a gente gravava. Era uma proposta que se ampliou em novelas como "Pecado Capital" e "Dancin'Days". Ver os atores na tevê como pessoas que a gente via na rua. Hoje em dia não. Todas as meninas de "Malhação", por exemplo, usam rímel e maquiagem. No início dos anos 80 era cafona o ator arrumar o cabelo. Isso acabava com a fama de qualquer galã.
Maria Padilha - É ótimo justamente por isso. Mas busco seguir a orientação do Avancini, que é fazer uma comédia mais contida. Até porque tem o Ney Latorraca e a Eva Todor no meu núcleo que já são mais soltões. Confio no Avancini e vou na onda. Na verdade, dividi as relações da Dinorá. Quando está com o amante, por exemplo, a Dinorá vira adolescente sonhadora. Mas ela gosta mesmo é de fazer armação. A mãe dela era prostituta e o único valor que passou para os filhos foi o materialismo. E quando conhece o Celso, o amante, começa uma confusão na cabeça dela. Estou curtindo a novela, principalmente porque estamos com quatro blocos adiantados. Nunca tinha gravado uma produção com tanta folga. É bom porque o elenco não fica nervoso e o autor pode fazer o roteiro com tranquilidade. A verdade é que está sendo muito bom completar 20 anos de televisão com uma personagem tão rica e uma produção indo tão bem no Ibope.
Você foi dirigida pelo Avancini no filme "Boca de Ouro", em 1989. Como é encontrá-lo na televisão?
Maria Padilha - Todo o elenco da novela ama o Avancini, mesmo ele sendo muito exigente. No começo da novela fiquei tensa. Mas descobri que o processo do Avancini é difícil, mas o resultado é muito bom. Então comecei a valorizar este resultado. Mas ele é um diretor de ator e faz isso muito bem. Nunca havia trabalhado com um diretor tão disciplinado. Ele tem o controle de tudo. Mas hoje em dia está bem mais doce e humorado. Ele realmente tem uma mão de ferro e é o responsável pelo sucesso da novela.
Você também havia trabalhado com o Ney Latorraca em "Eu Prometo". Como está sendo este reencontro?
Maria Padilha - Já havia contracenado com o Ney em "Das Tripas Coração", filme da Ana Carolina de 1982. Na época, achava que ele era um galã sério da Globo. Mas o Ney é um doido. Um dia cheguei na filmagem e o Ney estava com meu figurino de colegial, com saia de prega e de maria-chiquinha. Trabalhar com ele é sempre estar indo a uma festa. O importante é que ele é agregador e ama o Avancini. A parceria deles fortalece muito a novela e dá um ânimo muito grande para todo o elenco. De vez em quando dou carona para o Ney saindo das gravações no Projac. Ele sonha com o dia em que o Cornélio descobrirá as traições da Dinorá.
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